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Para além dos “oásis de inovação”

Para além dos “oásis de inovação”
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mar. 17 - 4 min de leitura
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No Brasil, demoramos muito tempo para perceber o valor gerado por um ambiente inovador, e mais tempo ainda para entender o que é, como funciona e como recriar esse ecossistema. O cenário fica ainda mais impactante quando observamos a abundância de criatividade em meio ao nosso povo.

Dentro dos ambientes já existentes de inovação, creio que as coisas seguem um rumo adequado. Líderes preparados orientam e participam das iniciativas em vários pontos do país. Tais iniciativas, em geral, já trazem na origem as conexões entre instituições de ensino, governos, empresas, investidores e sociedade – tudo de acordo com os modelos já desenvolvidos nos principais hubs de inovação do mundo.

Meu ponto de análise se encontra fora desses “oásis de inovação”, ou seja, no ambiente educacional dos serviços públicos, onde se forma a cultura da nação e onde os governos definem os caminhos (lembro que cerca de 90% das crianças brasileiras estudam em escola pública). Países líderes buscam construir como estratégia uma cultura que naturalmente alavanque o desenvolvimento e amplifique a inovação. Infelizmente, percebo poucas ações no Brasil que estejam alinhadas nesse sentido.

Com base no que já experienciei, listo a seguir alguns pontos que, na minha opinião, são estratégicos e fazem parte da base para a criação de uma cultura de inovação mais abrangente e inclusiva no Brasil:

  1. Interesse genuíno das lideranças pelo desenvolvimento comum nos ambientes de inovação: percebo isso de forma clara em visitas fora do Brasil, mas aqui ainda há muita vaidade (“pavões”), principalmente nos governos e entidades de classe.
  2. Ambiente de negócios que “empurre” e não que “puxe”: certamente estamos entre os piores países do mundo nesse quesito. Precisamos seguir evoluindo nas reformas em andamento (administrativa, tributária, política, revisão da reforma trabalhista, revisão da reforma previdenciária, etc.) e melhorar os aspectos legais relacionados, “cuidando sempre das pessoas e não dos empregos”, como diria Yuval Harari.
  3. Educação de qualidade para todos: esse ainda é um grande desafio para o mundo. No caminho para cumprir tal objetivo, enxergo que estamos muito atrás. Quando falo em educação, não me refiro exclusivamente ao ensino de conteúdo, mas também à educação que propicie a ampliação da consciência, o autoconhecimento, o desenvolvimento dos valores humanos e, por fim, que instigue uma cultura empreendedora e não assistencialista (vitimista).
  4. Reputação da nação: está associada com a autoestima do cidadão – e, convenhamos, a do Brasil não é boa. Precisamos melhorar, e muito, nesse ponto estratégico. Com uma imagem internacional positiva, o brasileiro certamente poderia encarar com maior naturalidade a possibilidade de desenvolver uma solução para o mundo e não somente para o país, o estado, a cidade ou o bairro (lembre-se que neste cenário estou falando do empreendedor fora do “oásis de inovação”). Além disso, com uma melhor imagem no mundo a abertura de portas para as nossas soluções também seria mais tranquila.

Quando falamos dos “oásis de inovação”, creio que muito já foi feito, principalmente nos últimos cinco anos. Se olharmos de uma forma mais ampla, tentando entender as perspectivas no tempo de uma disseminação dessa cultura fora dos ambientes tradicionais, percebemos que o desafio é bem maior. De qualquer maneira, ele existe e precisa ser encarado. Na minha visão, para uma mudança massiva, será preciso contar com os governos e com políticas públicas. Algo sem dúvida bastante complexo, mas necessário para um possível “desenvolvimento exponencial” brasileiro.


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