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Open everything & close me

Open everything & close me
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jun. 29 - 4 min de leitura
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Desde 2016, tenho apresentado uma ilustração do Blueprint for the Industrial Internet que preconiza o conceito da conexão de setores do mercado (indústrias) por meio dos dados. E isso causava uma tremenda confusão, porque quando eu falava que as indústrias seriam conectadas, muitos entendiam que eu estava falando das fábricas e não de indústrias como tradução de industries.

Passados cinco anos, noto que o conceito amadureceu, expandiu-se para outras indústrias e faz parte das discussões de muitas altas direções, mas agora com outro nome: open everything.

Como sempre, alguns setores adotam o conceito mais rapidamente. Aqui, destaca-se a indústria financeira com o já tão falado open banking. Inegavelmente, o blockchain foi um catalisador da transformação nessa indústria, permitindo que criptomoedas propusessem novas formas de trocarmos produtos e serviços, sem a presença dos governos. Todas as partes interessadas dessa indústria estão passando pela turbulência: governos, bancos centrais, reguladores, banqueiros, bancários, cidadãos bancarizados e não-bancarizados e fintechs. Apertem os cintos, o piloto sumiu!

A indústria da saúde, também super regulada, encontra-se na mesma esteira principalmente por causa da pandemia. A falta de governança e padronização dos dados de saúde foi explicitada, e diversos empreendedores miraram seus canhões para essa indústria, incentivada, inclusive, pelo Estado, que fomentou diversos programas de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos voltados à área. As consequências de todo esse esforço concentrado serão sentidas por vários anos, incluindo os avanços na governança dos dados de saúde das pessoas. Acredito que rapidamente chegaremos ao nível de gestão de dados de saúde da Estônia, referência nesse assunto, já que existe um forte incentivo financeiro no país.

Outra indústria que já está sendo impactada pelo desejo de dados é a de energia. A forma com que pessoas e empresas negociam energia ainda é primitiva e, com a grande diversificação de geradores ocorrida nos últimos vinte anos, surge uma enorme oportunidade para balcões de negociações mais dinâmicos. Ressalto que aqui falo de todas as formas de energia, não somente da eletricidade.

A logística também é uma área com transações não otimizadas. Diversas ineficiências vão se acumulando na cadeia de fornecimento devido à falta de transparência dos dados. Essa oportunidade já começa a ser explorada por logtechs, e prevejo que as explicitações desses potenciais venham a incentivar vários investimentos privados de infraestrutura.

Agora, imagine o potencial existente na conexão dos dados de todas as indústrias, por exemplo, hospitais inteligentes demandando consumíveis hospitalares automaticamente por meio de marketplaces, acionando operadores logísticos que vão adquirir energia em balcão eletrônico, assim como os próprios hospitais – geradores de energia regulando a produção (e o estoque) de energia de acordo com tendências de consumo preditas por modelos robustos de altíssima confiabilidade. Imaginável, mas incalculável... E tem gente ainda tentando colocar inovação no Excel.  

O único setor em que vejo uma tendência em sentido oposto é o do indivíduo. Se as “indústrias” sempre estiveram fechadas e agora estão se abrindo, noto que os indivíduos se abriram demais na web 2.0 e agora estão se fechando, começando a exigir de volta aquilo que tinham consentido ceder: seus dados. Isso explica por que estou logged off. E como tudo o que é dito em inglês acaba sendo mais impactante, aqui vai uma sugestão de slogan: “open everything & close me!”.


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