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Governança de startups: não existe modelo ou padrão aplicável

Governança de startups: não existe modelo ou padrão aplicável
Domingos A Laudisio
jun. 29 - 4 min de leitura
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Existem muitas discussões sobre qual modelo de governança deveria ser utilizado pelas startups. Muitos empreendedores chegam a ter pânico com governança, com a percepção de burocracia inútil, custos desnecessários, interferências e "opiniões absurdas" de terceiros e perda de agilidade. Por outro lado, investidores podem fazer e, de fato, fazem diversas exigências de práticas de governança para investir na startup.

Neste contexto, surgiram duas publicações, ambas inserindo diferentes elementos de governança à medida que a startup evolui ao longo do tempo. Entretanto cada uma criou seus próprios "milestones" no processo evolutivo para adicionar mais elementos e práticas, a saber:

  1. Caderno de Governança para Startups e Scale Ups, do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa): nesse caderno as práticas são colocadas na perspectiva de quatro estágios; Ideação, Validação, Tração e Escala (“modelo IVTE”). Mais ligado ao produto do que aos investidores e sócios da startup.
  2. Livro Governança & Nova Economia: sugerindo práticas de governança pela perspectiva dos estágios de financiamento de startups: bootstrapping, incubação/aceleração, investimento anjo, investimento seed, investimentos séries A, B, C, D de Venture Capital e até mesmo IPO's (“modelo BISS”).

Apesar da existente ainda nos anos 80, a governança se estruturou dentro do modelo geral utilizado por quase todos os países a partir de 1992, baseado no Relatório Cadbury, que deu origem ao Código de Melhores Práticas da Inglaterra.

A partir desta data, Códigos de Melhores Práticas foram escritos e posteriormente revisados em quase todos os países e passaram a ter muitas similaridades entre si. Governança virou então a "grande novidade" para todas as empresas no mundo.

Diversas outras questões de governança foram discutidas e novas práticas foram implantadas desde então, baseadas principalmente nas crises da bolha de internet, que estourou em 2000-2001 e também no escândalo da Enron, nos Estados Unidos, que se seguiu e na grande crise financeira de 2008.

Quando a “onda” de inovações disruptivas cresceu a partir de 2010, diversas startups em todo o mundo tiveram grandes dificuldades para se adequarem a estes códigos, que as tornavam lentas, burocráticas e caras. Investidores profissionais (VCs e Seed Capital) começaram a fazer exigências para investimentos exigindo cumprimento de práticas de governança que, em muitos casos, causaram problemas para as startups.

Temos a convicção, baseada na experiência com muitas empresas e em discussões com consultores e especialistas nacionais e internacionais, de que o melhor modelo de governança para startups depende das características desta, de seus sócios e de suas necessidades de investimentos.

Assim, entendemos que:

  • Cada startup precisa de um modelo de governança “tailor-made” de acordo com suas necessidades.
  • A construção da governança de startups deverá ser um processo em constante evolução.
  • O modelo inicial deverá ser um documento do que foi discutido e concluído pelos sócios iniciais no Board Canvas, mostrado no livro Governança & Nova Economia - não é necessário um documento formal legal deste modelo.

O modelo deve continuamente evoluir em função de:

  • Cultura da empresa e de seus acionistas;
  • Práticas do negócio e dos mercados onde a startup atua, novas práticas se houver mudanças ou pivots;
  • Capacitações existentes na empresa em cada estágio de sua evolução;
  • Exigências legais e regulatórias;
  • Necessidades de seus diferentes acionistas em cada novo estágio de investimentos/ acionistas.

Em suma, o modelo aqui proposto é um framework, baseado em práticas e elementos de governança que sejam aplicadas de acordo com as necessidades de evolução específicas de cada empresa, e não em função de recomendações de modelos existentes.

Isto possibilitará as empresas se tornarem as mais efetivas possíveis, gerando e capturando o máximo de valor de forma sustentável. Cada startup deverá construir seu modelo inicial e deverá alterá-lo continuamente de acordo com suas necessidades e condições internas e externas.

Não existe, afinal, receita do tipo "one size fits all"!


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