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ESG desde a aurora como diferencial para o sucesso de mercado

ESG desde a aurora como diferencial para o sucesso de mercado
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nov. 23 - 8 min de leitura
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Para as grandes empresas o processo de due dilegence significa a tratativa que será dada a negociação do M&A com base no valuation da operação, a fim de minimizar os riscos assumidos pelas gestões anteriores.

A realização da due diligence nas startups e empresas de pequeno ou médio porte (MPMEs) representam um processo muito custoso diante de um valuation sempre difícil de ser mensurado de forma correta, o que apenas dificulta a conclusão de qualquer negócio, seja de aquisição, incorporação, ou mesmo de investimento - sem esquecer da necessidade que o conselheiro, quando analisa uma oferta de negócio, também precisa entender.

Assim, a entronização básica dos conceitos de ESG nas startups e MPMEs, desde seus primórdios, da forma mais simples e fluida possível, pode representar a diferença esperada para o sucesso do mercado.

ESG transforma os negócios e faz chegar ao lucro

As grandes empresas, principalmente as listadas em Bolsa, devem contemplar no processo de gestão as melhores práticas ambientais, sociais e de governança para demonstrar ao mercado que estão inseridas na nova economia, respeitam as relações com o mercado e se preocupam com a longevidade de suas operações. Isso é agir com respeito ao ESG, tripé que representa o conceito de sustentabilidade para os resultados da empresa.

A dificuldade está em trazer o conceito de ESG para a realidade das empresas de micro, pequeno e médio porte que desejam alçar novos mercados. No Brasil, de acordo com o 2º boletim do 1º quadrimestre de 2021 do Mapa de Empresas, das 17 milhões de empresas abertas, apenas 168.716 são sociedades anônimas e, destas, somente 400 são de capital aberto listadas em Bolsa e estão sujeitas às exigências mercadológicas do ESG.

Estes números demonstram a forte presença que as MPMEs têm na economia. O relatório da PwC aponta que elas são a força motriz da economia brasileira, em um ambiente com oportunidade para expanção. Acontece que, ainda segundo o mesmo estudo, “várias pequenas e médias empresas no Brasil são administradas pelas famílias fundadoras, e a resistência a compartilhar o controle ou a governança com novos acionistas pode ser grande. Essas empresas precisarão passar por uma mudança de paradigma. Várias iniciativas estão sendo adotadas para apoiar as PMEs durante esta jornada”.

Associe a essas informações o perfil do “pequeno empresário”, publicado pelo Sebrae, que deixa claro a excelente formação, bem como a capacidade de resiliência para enfrentar situações adversas e a presença marcante no varejo comercial e industrial brasileiro.

Todas essas características das PMEs, se trabalhadas organizadamente, de maneira a transformar a forma de agir do empresariado nacional, poderão levar a voos estáveis para chegar a novos mercados com potencial de crescimento e desenvolvimento.

Como aplicar ESG às empresas de micro, pequeno e médio porte?

A percepção inicial é que as práticas de ESG exigem investimentos muito elevados e resultados somente a longo prazo, algo impeditivo para as MPMEs. A primeira atitude é vencer este pensamento e abrir espaço para um olhar inovador e livre de preconceitos, que vai além da ótica financeira. Pensar em ESG significa promover uma transformação cultural, permeando todos os níveis da estrutura do negócio e permitindo um ambiente de respeito mútuo.

Antes de se voltar para o cliente, a empresa precisa olhar para seu público interno, ou seja, as equipes que compõem a organização, e orientar as relações de trabalho, baseadas nos valores de inclusão e diversidade para obter engajamento. Equipes motivadas, treinadas e atualizadas elevam a produtividade. É uma transformação que começa na base, sem custos adicionais.

Muitos acreditam que cultura empresarial é apenas o que fica escrito nos anais onde constam os Valores, Missão, Visão e Propósito da empresa, elaborados e enquadrados nas molduras pregadas nas mais rígidas paredes da sede da organização. É o primeiro dos erros. Cultura deve ser transmitida a todos os níveis da organização pelo exemplo dado pelos fundadores e administradores.

Também é necessário modificar pequenos comportamentos do dia a dia para estabelecer uma liderança mais eficaz. Fazer o mesmo que os funcionários fazem para conhecer quais são as verdadeiras dificuldades de cada função é um exemplo. Tal medida resultará em um trabalho de retenção de talentos importantíssimo para a redução de custos com RH. A estratégia inclui chegar mais próximo das equipes que realizam os trabalhos, permitir que todos participem dos processos de gestão com ideias, críticas, sugestões e conselhos e, por fim, ter uma escuta sem preconceitos.

A reação será em cadeia: as melhores oportunidades de inovação disruptiva surgirão sem custo, com um benefício motivacional. Numa expressão simples, significa tratar as pessoas que compõem as equipes de trabalho da organização da mesma forma como o empresário quer ser tratado. Primeiro dar o exemplo para que os demais possam segui-lo. Isso é cultura que se transmite e se transforma com fluidez.

ESG não é “bicho de sete cabeças”

O conceito de ESG pode ser lido como complexo, custoso e de difícil implantação. Contudo, também é possível entendê-lo como uma jornada fluida que acontece ao longo da vida da organização.

Governança é o desenvolvimento das atividades cotidianas da empresa, sejam administrativas, de produção ou comerciais, com respeito aos conceitos de ética, lisura e transparência aos olhos de quem está do outro lado da relação, sempre atendendo aos interesses de desenvolvimento e perpetuidade do negócio.

As questões relacionadas à sustentabilidade e ecologia, pensadas apenas como sendo responsáveis pela manutenção de uma vida longeva no planeta terra, serão muito difíceis de serem implantadas em qualquer negócio. Se o olhar, porém, estiver voltado para o quanto o comportamento sustentável de cada membro da equipe poderá repercutir em benefícios financeiros e de inovação para os produtos e negócios, para saúde física e mental dos stakeholders, a conclusão será simples: economia direta na linha de produção, com menor reutilização dos recursos naturais (já escassos), com ganho de produtividade e resultados diretos para todos os envolvidos no processo de produção e consumo.

O exemplo é simples e visível para todos, mesmo que numa indústria de grande porte. O Brasil recicla quase 100% das latas de alumínio comercializadas no país. Esse é um exemplo que parece beneficiar apenas as grandes corporações produtoras de alumínio, contudo, com o olhar voltado a toda a cadeia, é possível verificar que as comunidades mais carentes obtiveram uma oportunidade real de inserção social com aumento de renda e profissionalização. E ainda, o preço final dos produtos chegou ao cliente com redução. Como resultado, o planeta agradece, porque recursos naturais foram preservados e menos energia foi consumida.

A empresa que incorpora os conceitos de ESG, mesmo que gradativamente, estabelecerá controles com a fluidez necessária, possibilitando a incorporação de novas rotinas, mais eficientes e aceitas nos custos operacionais sem traumas. As pessoas participarão da transformação da forma de gestão com naturalidade, e o negócio estará naturalmente preparado para enfrentar a concorrência - cada vez mais feroz - para alcançar as oportunidades dos meios de financiamento da produção, seja via bancos de fomento, bancos comerciais e de negócios ou investidores profissionais.

A aplicabilidade dos conceitos de ESG, desde os primórdios do negócio, permitirá às empresas destinar maior tempo aos clientes, que são a razão de existir da operação. Clientes que exigirão inovações disruptivas e longevidade do negócio que, por sua vez, precisa ser rentável e lucrativo.


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