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Cosméticos e inovação

Cosméticos e inovação
Elisangela Alvares Silva
out. 28 - 5 min de leitura
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Inicialmente, é importante notarmos que o Brasil possui uma defasagem relevante em relação ao mundo quando falamos em termos gerais sobre inovação. Isso sem olharmos para áreas especificas, pois se utilizarmos como exemplo o e-commerce (varejo) e compararmos o Brasil com o restante do mundo, podemos ver que no cenário anterior à pandemia do coronavírus o país seguia uma tendência muito mais relevante no mercado offline do que a proporção mantida no mercado online; quando comparamos esse comportamento a outras nações, fica muito mais visível essa curva diferenciada, que mantém uma previsão contínua de crescimento - 25% para o próximo ano.

Ao mesmo tempo, de acordo com uma reportagem recente do Valor Econômico, após sete meses em meio a um cenário de pandemia, essa proporção de offline e online no Brasil está em processo de migração e transformação. Em 2018, o online representava 5%, enquanto em 2019 era 8% e a estimativa para 2020 é chegar a 12%. Diante do cenário de crise que vivemos - e que ainda estamos vivendo -, as empresas precisaram se reinventar rapidamente e fazer dos projetos de inovação uma prioridade estratégica para a sobrevivência dos negócios.

Dentro do segmento de cosméticos no Brasil, essa migração é uma evolução muito importante e que está associada à aplicação de tecnologia, vez que as empresas foram rapidamente do offline para o online, trazendo a experiência dos consumidores para os smartphones, criando redes e catálogos de compras no WhatsApp, utilizando de forma constante as redes sociais como as suas principais vitrines e deixando vivo o relacionamento com o cliente. Antes da pandemia, o que movia o mercado era o contato físico do maquiador, havia a experiência de escolher a melhor fragrância e a fidelidade do cliente à marca, já que era muito improvável que o consumidor efetuasse qualquer tipo de investimento sem ter a sua experiência ao vivo com o produto, a não ser que ele já o conhecesse.

Assim, podemos concluir que a pandemia fez com que as empresas de cosméticos tivessem que se reinventar a fim de minimizar o impacto da crise. A tendência de migração do mercado offline para o online permanecerá, seguindo o que acontece no restante do mundo.

Um ponto com o qual todos concordamos é que nos períodos de crise é que temos que capturar as melhores oportunidades, e o Brasil trabalhou de forma diferenciada em relação ao seu posicionamento/relacionamento com o cliente, não oferecendo apenas um produto em plataformas online. Houve a necessidade de manter o relacionamento com o consumidor por meio de soluções inovadoras que permitiram não somente que o cliente tivesse acesso ao produto, mas deram conta de entender as necessidades e dores do consumidor, que passou a receber o produto na segurança de sua casa, dentro do prazo e com uma qualidade de entrega que não era praticada antes da pandemia no mercado brasileiro.

Esse é o processo que chamamos de criação de valor para o cliente. A empresa brasileira não focou apenas na entrega dos produtos aos seus clientes, mas buscou, por meio de inovações, que o cliente não perdesse sua experiência. Se tomarmos novamente a indústria de cosméticos como exemplo, veremos facilmente a utilização de tecnologias/inovações para que o cliente continuasse tendo sua experiência de compra sem utilizar produtos de testes, que ficaram proibidos após o início da pandemia. Foram implementadas tecnologias como: a utilização de tablet para testar todas as possibilidades de cores de maquiagem no rosto do cliente sem que ele precisasse encostar no produto. São inovações como essa que garantem a experiência do cliente num setor em que o relacionamento e o contato físico são fundamentais para o sucesso.

Em resumo, o Brasil soube entender e aproveitar o momento de crise como uma oportunidade para reinventar os seus negócios. Demos saltos importantes para garantir a entrega de produtos versus a experiência do consumidor. Ao mesmo tempo, ainda temos um longo caminho para trilhar; somos a nona economia do mundo, mas ainda ocupamos a 62º posição no ranking geral de inovação. Precisamos de parcerias com o setor público, por meio de investimentos e da estruturação de políticas de curto, médio e longo prazo. Acesso à educação e desenvolvimento de profissionais especializados são fundamentais para mantermos a continuidade de programas que farão com que cumpramos os planos de longo prazo - e que não serão somente iniciativas que começam num governo e não são continuadas no próximo.


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