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O “fail fast, learn faster” na retomada econômica

O “fail fast, learn faster” na retomada econômica
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out. 8 - 4 min de leitura
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O processo atual da retomada da economia tem dois aspectos básicos: a atividade econômica e a expectativa em relação ao controle da pandemia. Em relação à atividade econômica, estamos em processo de franca retomada, já apontando para níveis de crescimento superiores aos pré-pandemia. Entretanto, esse crescimento não é homogêneo. Enquanto setores como o da construção civil já está sentindo os recordes de venda, o turismo ainda sofre com a baixa atividade. Em relação à expectativa de controle da pandemia, temos que considerar o alcance da vacinação em massa, a ponto de gerar a tranquilidade de que uma terceira onda seja menos agressiva quanto ao número de óbitos.

O processo decisório, sempre muito delicado e cheio de consequências, terá muitos desafios em função desse novo cenário. Temos novos hábitos adquiridos em função da pandemia, como o home office, restrições de mão de obra qualificada para suprir a demanda, preços inflacionados de várias comodities, para citar alguns exemplos. Isso sem falar em variáveis não associadas a pandemia, como o cenário político de eleições presidenciais em 2022, potencial crise energética no curto prazo, elevação da taxa de juros, entre outras coisas.

Num viés de curto prazo, mesmo em setores onde os fatores macroeconômicos sejam positivos e que as indicações de investimento e crescimento sejam claras, no “novo normal”, as decisões não são tão óbvias, suscitando em dúvidas – Aqui, toma-se como exemplo o setor de serviços, em que no curto prazo, para fazer frente à demanda, é necessário contratar pessoal técnico especializado (TI). A decisão de investimento deverá levar em conta a grande dificuldade de contratação dessas pessoas e os custos associados em patamares muito acima da pré-pandemia, podendo, muitas vezes, inviabilizar a ação. Um outro ponto de dúvida é onde o crescimento exige um investimento de ampliação de escritórios ou ativos imobiliários, já que, com a modalidade de trabalho em home office, é bem provável que a empresa ainda não tenha chegado a um consenso da sua nova necessidade real de utilização de espaços de escritórios.

Numa perspectiva de longo prazo, o cenário de recuperação econômica do “novo normal”, não são tão conflitantes. Os pontos levantados podem ser todos mitigados, com diversas ações, como o treinamento intraempresa, novo equilíbrio entre jornada no escritório e home office, entre outros. Claro que o impacto de curto prazo pode afetar tão significativamente os resultados,  que as opções de longo prazo passem a ser irrelevantes.

Conjunturas como a citada acima, deixam claro que as tradicionais análises cartesianas não levam as melhores decisões. A natureza, rapidez, volatilidade e incerteza dos mercados atuais não condizem mais com decisões simplesmente racionais. Em função desse panorama, acredito que os executivos C-Suite e os Conselheiros devem ter muito claro no momento de suas decisões essa dinâmica, tomando decisões que possibilitem um redirecionamento com o menor impacto de tempo e custo possível. O modelo de decisão deixa de ser estruturado (modelo linear - waterfall) e passa a um modelo de decisão ágil, em que o foco é o Produto Mínimo Viável (MVP).

Decisões de longo prazo, com grande impacto financeiro ou estratégico e com um grande custo de ajuste, deveriam ser adiadas até um momento mais claro, com a volatilidade mais controlada e, mesmo assim, mantidas sob uma constante vigilância, para monitorar a aderência frente às novas situações que se apresentem. O já importante ditado “fail fast, learn faster”, passa a ser ainda mais crítico nesse momento.


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