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Aplicabilidade do open everything será genérica e polivalente

Aplicabilidade do open everything será genérica e polivalente
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jul. 20 - 5 min de leitura
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Antes de falarmos de open everything, é essencial abordarmos o open banking, visto que a roda da inovação vem girando forte no tradicional setor bancário. Segundo Claudio Maia, especialista em Soluções de Integração para Inovação e Transformação Digital na Axway, open banking se refere à abertura de informações de clientes com segurança, tendo ganhado chancela do Banco Central ao ser regulamentado neste ano de 2021. A entrada em vigor do Pix é considerada o primeiro passo para esse grande movimento, que passa a ser chamado de open finance, ganhando amplitude de abertura em todo o sistema financeiro – seguros, previdência, investimentos, etc.

O open finance propõe um avanço importante para uma transformação gradual nas relações entre instituições e clientes, que ganham relevância por estarem no centro desse novo sistema. A partir daí e mediante consentimento dos usuários, dados pessoais e financeiros poderão ser (e certamente serão) compartilhados. Essa abertura, portanto, significará um aumento na competição e na eficiência do ecossistema como um todo.

Por sua vez, open everything, de acordo com Dárcio Takara, especialista em Gerenciamento de Identidades na Sec4you, visa a abertura de dados por meio de APIs padronizadas, o que permite que os dados sejam reutilizados ou trocados entre diferentes negócios e serviços, além de combinados para compor novos serviços para o mercado; seria algo como um “open banking para tudo”. Por trás disso, o usuário passa a poder controlar mais e melhor seus dados – que, na verdade, continuam “não sendo seus” –, o que lhes proporciona novas oportunidades em produtos, serviços e padrões de segurança nas transações.

Ao que tudo indica, a aplicabilidade do open everything será mesmo genérica e polivalente, o que pode mudar por completo as estratégias empresariais – ao menos a estratégia de inovação da empresa. Certamente, as decisões precisarão ser repensadas.

Vejamos o setor de saúde, por exemplo, um dos mais carentes em termos de controle, ávido por reduções de custos na cadeia – do operador ao paciente –, que deverá se beneficiar largamente com o open everything. A despeito de a medicina apresentar constantemente evoluções muito valiosas para a saúde pública, esta mesma área continua pecando por não oferecer o controle da trilha do usuário para o paciente, que muitas vezes se depara com o custo sobreposto de um tratamento.

Não há um controle mínimo. Nesse sentido, o que o open everything na saúde pode oferecer de melhor é a integração e o compartilhamento de dados com os planos de saúde, hospitais e laboratórios com o consentimento do paciente e o controle que lhe couber na mão. A Unimed do Rio Grande do Sul, para citar um case, vem sinalizando a seus parceiros de negócios que está desenhando estratégias de recompensa por resultados, numa clara demonstração de que o modelo atual não é mais viável – nem para pacientes, nem para os negócios da cooperativa. Depara-se, no entanto, com um desafio maior do que a abertura de dados, pois o arrasto do modelo atual exige um esforço gigantesco de mudança de mentalidade – médicos, hospitais, pacientes.

Poderíamos citar outros tantos segmentos e setores positivamente impactados quando o open everything começar a virar paisagem. Pense no varejo, com uma série de melhorias em cascata com o aumento da competição e eficiência nos serviços (sim, o bom varejo também entrega serviço). Um player interessante desse segmento é o Abastece Aí, spin-off da rede de postos de combustível Ipiranga, que ilustra claramente o movimento de “fintequização” de empresas de serviço, oferecendo ao usuário – aquele mesmo cliente dos postos de combustível – o Pix como conveniência inicial (a continuidade da conveniência que a mesma corporação passou a oferecer com as lojas dentro dos postos na última década do século passado).

Certamente há um longo percurso pela frente para que o open everything ganhe solidez, mas a percepção é de que a jornada foi iniciada. Se o open everything traçar um caminho adequado, responsável e centrado no usuário (há inúmeras abordagens que podem contribuir para isso, começando pelo Human-centered design), os ganhos tendem a ser vários e sólidos. O processo de tomada de decisão da gestão, por sua vez, terá que dar passos equivalentes, avançando em maturidade. De minha parte, pretendo manter a ambição alta, mas, por precaução, as expectativas baixas (pois continuamos no Brasil).


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