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A busca pelo propósito como norte para o próximo ciclo econômico mundial

A busca pelo propósito como norte para o próximo ciclo econômico mundial
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out. 21 - 4 min de leitura
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O panorama de retomada econômica muda as estratégias empresariais - “pero no mucho”. O processo de tomada de decisão será fortemente influenciado por uma mudança cultural percebida e vivida pelos líderes empresariais. No curto prazo, as empresas que tiveram seus negócios impactados negativamente pela Covid-19 estão buscando alternativas para reinventar seu negócio e sobreviver. Muitas companhias deixaram de existir, outras, contraíram dívidas junto aos bancos ou foram obrigadas a fazer aporte de capital para bancar o ciclo de baixa.

Incluem-se nessa lista o comércio e serviços convencionais, os não digitais, profissionais liberais, e empresas de infraestrutura e construção civil pesada que, da noite para o dia, viram-se obrigados a parar seus projetos e manter, por meses, seus custos fixos, até que houvesse a retomada parcial, com baixa produtividade por conta dos protocolos sanitários impostos pelos governos estaduais e municipais.

O desequilíbrio de força entre construtoras e seus clientes fez com que esse braço de ferro rendesse inúmeros pleitos junto aos clientes, que administraram o oxigênio a conta gotas, tornando necessário a busca por acordos de ressarcimento de custo, através de câmaras arbitrais, ou na justiça comum. Converso com empresários do setor e muitos decidiram regredir ao seu projeto estratégico de crescimento para o modo de sobrevivência, optando por trabalhar com metas de faturamento mais tímidas até ganharem folego financeiro. Outros, desiludiram-se dessa dinâmica e estão procurando investidores para abandonarem os negócios.

Nesse mercado de infraestrutura, há no ar uma tendência por fusões e aquisições para empresas com bom nome e reputação, o que infelizmente é uma minoria no setor. Enxergando essa brecha, muitas companhias internacionais têm se interessado pelo mercado brasileiro e buscam parceiros locais para colaborar, modelar parcerias estratégicas ou aquisições. Esse pode ser um bom movimento para a profissionalização da indústria, que está preponderantemente sob o comando de famílias que praticam métodos de gestão ultrapassados.

Os fabricantes de aço ou minério, por sua vez, aproveitaram o momento para lucrarem. Essa é a dinâmica selvagem da economia de mercado. Enquanto uns lucram outros perecem. Não há problema com essa dinâmica, porém deve existir algum equilíbrio e, nesse ‘evento pandemia’, alguns setores da economia foram melhores que outros. Outras indústrias como a de produtos de tecnologia, alimentos e bebidas, embalagens e medicamentos, viram suas margens e faturamento crescerem significativamente. Esses empreendedores aproveitaram o momento para capitalizar.

O que de fato parece ter mudado com a experiência recente é a forma com a qual as empresas modelarão suas estratégias, encurtando significativamente o horizonte de planejamento de muitos anos para poucos anos ou meses. Neste aspecto, as indústrias mais tradicionais terão que aprender com as empresas de tecnologia - as startups e scaleups - que já nasceram na dinâmica do caos, sendo pressionadas por evoluir significativamente no curto prazo para a manutenção de sua existência.

Portanto, haverá um maior pragmatismo para a tomada de decisão, seja de curto ou de longo prazo, seguindo a filosofia aplicada por companhias de venture capital ou private equity ou até mesmo por empresas tradicionais que adotam a filosofia do orçamento encurtado de um ano para um trimestre, como a Ambev, por exemplo. Uma vez que apresente resultado, tem investimento, caixa e continuidade. Do contrário, sem resultado, não tem negócio.

A pancada no mundo dos negócios foi forte, houve mais perdedores do que vencedores nessa batalha contra a Covid-19. Para aqueles com visão e coragem, há algumas oportunidades para desbravar novos mercados e novas formas de se fazer negócio. Para aqueles que enxergaram a vida por outras perspectivas, haverá muita mudança de rumo, como a busca por maior qualidade, comodidade e por estar mais próximo às pessoas que importam ou à natureza.

Haverá uma busca por independência, fazendo explodir a oferta por freelancers, startups, economia colaborativa e novas formas de se fazer negócio, voltadas para o ‘como’ e não para ‘o que’. A busca e a luta por um propósito é o que vai nortear o próximo ciclo econômico mundial.


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