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O dragão está a solta para alcançar a Liderança mundial

O dragão está a solta para alcançar a Liderança mundial
João Cláudio Guetter
mai. 10 - 4 min de leitura
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Comecei a frequentar a China em 2004, quando fiz minha primeira viagem à região Sul das China em Shunde, que fica há duas horas de Ferry Boat de Hong Kong. Depois disso, foram inúmeras viagens, em uma média de 2 a 3 por ano desde então.

Nesses 15 anos pude observar uma transformação fabulosa em todas as áreas: transporte público e privado, infraestrutura, mobilidade vertical dos salários, trazendo milhões de novos chineses para o consumo, condições sanitárias e higiênicas.

Com isso, o país inseriu quase o dobro da população do Brasil para o mercado consumidor. As bicicletas e pequenas motocicletas foram substituídas por carros importados, americanos e europeus, que, agora, já são fabricados localmente. Os hotéis simples em que ficávamos, principalmente os das cidades do interior, se tornaram complexos gigantescos com bandeiras internacionais.

A China também passou a ser um polo de inovação, com investimentos maciços em startups em todas as áreas, como biotech, health tech, fintech, big data, blockchain, entre muitas outras.

Os chineses estão em uma corrida frenética contra os americanos, não somente para se tornarem a maior economia mundial, o que deverá acontecer em menos de 20 anos segundo as apostas de vários economistas, mas também para compartilhar o protagonismo em inovação e na revolução digital.

Chineses recebem seus salários via WeChat, um aplicativo que substitui vários outros que estamos acostumados, como o WhatsApp para mensagens, o Facebook como mídia social e o Apple Pay ou qualquer outro gateway de pagamento. O novo desafio por lá é ter sua própria plataforma de internet e sua própria rede de blockchain.

Tudo isto parece maravilhoso, porém eu sempre advirto meus colegas e amigos que ficam entusiasmados e querem fazer mais negócios, parcerias em startups ou joint ventures com empresas chinesas para terem muita cautela, porque, pelo menos, duas coisas não mudaram nesses anos todos: a cultura milenar e a rigidez do regime comunista chinês.

Em pleno século 21, as empresas chinesas ainda mantêm uma maneira de expor negativamente os funcionários como ferramenta educacional corretiva, o que seria considerado uma ofensa em qualquer país do Ocidente, passível até de uma ação trabalhista e/ou cível contra o empregador. Isso, na China, é visto como um hábito perfeitamente aceitável de punição e exposição pública de um colaborador.

Um caso real desta temática aconteceu este ano, em uma empresa pertencente a lista da Fortune 500. A direção da área internacional escreveu na carta anual destinada às subsidiárias internacionais, informando que uma das metas a ser alcançada no ano vigente, seria a redução de 400 pessoas. No mesmo comunicado descrevia, "orgulhosamente", que 150 dessas posições já tinham sido eliminadas e, faltavam somente 250 a serem extinguidas ao longo do 1º semestre. Esse conteúdo está contemplado no plano estratégico do ano. Outro ponto que também chamou atenção nesta carta era a informação de que os três General Managers de melhores desempenho ao longo do ano, seriam premiados com um bônus especial. Já os três GMs de menor desempenho, ao contrário, receberiam um troféu especial de "pior desempenho do ano" em cerimônia pública.

Ou seja, altamente motivador e nada vergonhoso!

Não quero aqui fazer juízo de valor da cultura empresarial chinesa, no entanto, reforço cuidados a empresas ou fundos brasileiros que estão ou pretendem fazer negócios com chineses ou que envolvam algum tipo de aliança, joint venture, merge ou acquisition. Tenham muito cuidado! Não esperem qualquer tipo de integração de equipes/negócios tranquila. É bem provável que terão de aprender mandarim e comer com palitinhos muito rapidamente.

Bem-vindos ao milagre do desenvolvimento Chinês!

Sobre mim

Assumi a posição de presidência em empresas multinacionais e possuo 39 anos de experiência na indústria de produtos eletroeletrônicos e de ar condicionado, no Brasil e na América Latina. Durante minha trajetória, atuei em expansão acelerada de negócios, além de conselheiro, processos de turn around, fusões e aquisições, recuperação econômica e gestão de equipes de alta performance. Sou formado em Engenharia Mecânica pela UFPR, com especialização em Engenharia Econômica pela FAE-PUCPR e MBA Executivo pelo ISAD-PUCPR.


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