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Indústria 4.0, IOT e Governança

Indústria 4.0, IOT e Governança
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set. 8 - 8 min de leitura
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1. Introdução

Nos últimos anos, temos visto um crescimento no número de startups no Brasil, em diversos segmentos. Tal crescimento vem acompanhado de muitos casos de insucesso e falhas. Nesse sentido, uma pergunta recorrente é: por que isso ocorre? Segundo dados da Fundação Dom Cabral (FDC), até 25% das startups são descontinuadas antes de seu primeiro ano de vida, enquanto até 50% não sobrevivem a quatro anos de jornada. Um dos pontos listados é a falta de um modelo básico de governança aplicado desde os primeiros momentos da empresa.

No Programa de Certificação para Conselheiros de Inovação (C2i), da Gonew, temos uma ampla abordagem teórica e de aprendizado com experts no assunto, aliada ao desenvolvimento e uso de um modelo de gestão e governança na prática, por meio do qual apoiamos uma startup com mentoria de, aproximadamente, 60 horas. Nessa etapa de aplicação prática dos modelos de governança, tivemos a oportunidade de aportar uma análise e sugestões para o crescimento e melhor organização da jornada de uma startup, de forma que ela possa seguir rumo a um outro nível de maturidade e governança.

Neste artigo, vamos descrever nossa experiência no referido programa. Trabalhamos junto a uma startup do segmento de energia, com uma solução para a Indústria 4.0 e um modelo desafiador de monetização do seu negócio.

2. Indústria 4.0

A Indústria 4.0, também chamada de Quarta Revolução Industrial, refere-se a um conjunto de tecnologias utilizadas para a automação e coleta de dados em ambientes industriais. O termo “Indústria 4.0” foi usado pela primeira vez em outubro de 2012, na feira Hannover Messe, na Alemanha. Seu principal objetivo é a melhoria da eficiência e produtividade nas empresas.

As principais vantagens observadas pelas empresas são: redução de custos, informações em tempo real, aumentos de eficiência e produtividade. O rápido avanço nessa área acompanha as evoluções tecnológicas, principalmente quanto a pontos como velocidade de conexão, armazenamento em nuvem, dispositivos de IoT (Internet of Things) e IA (Inteligência Artificial).

3. O uso de IOT e IA

Essas duas tecnologias têm evoluído muito rapidamente e são alavancadoras da implementação da Indústria 4.0.

A IoT tem como função conectar dispositivos e máquinas à Internet. Isso permite que coloquemos todos os equipamentos de uma indústria em uma rede, conseguindo monitorar em tempo real seu desempenho, inclusive por meio de aplicativos para celular. Assim, tem-se uma coleta de informações que gera rápida reação para corrigir eventuais falhas de produção ou perda de desempenho, em especial no consumo de energia ou de matérias-primas.

Importante ressaltar que esse cenário também traz uma nova dor de cabeça para as empresas, que precisam trabalhar com uma enorme quantidade de dados. É aqui que entra a segunda tecnologia que avança rapidamente: a IA. Ela permite analisar de forma mais rápida e assertiva toda essa gama de dados coletados. O uso de algoritmos proporciona análises muito mais aprofundadas do passado, bem como previsões que otimizarão o uso das capacidades instaladas das empresas e vão auxiliar na tomada de decisão sobre investimentos futuros.

4. IndustryCare

Nossa equipe de conselheiros trabalhou com a empresa IndustryCare, de Goiânia (GO). A companhia possui uma plataforma SaaS (Software as a Service) que envolve hardware, software e o que eles chamam de “mindware”, referente à experiência e ao conhecimento altamente especializado de seu time técnico para desenvolver engenharia e ciência de dados. Seu propósito é se tornar um parceiro para as empresas em toda a sua jornada de Indústria 4.0, com um processo de digitalização das fábricas, sem a necessidade de seus clientes investirem em CAPEX (Capital Expenditure) para a implementação da solução. O objetivo é atingir a “cognição industrial”, que é o ápice da IA aplicada ao contexto industrial.

Com esse modelo CAPEX-free, a empresa instala dispositivos IoT e faz a digitalização das fábricas, integrando dados e centralizando as informações em uma ferramenta de Big Data Analytics, permitindo monitorar em tempo real os KPIs (Key Performance Indicator) de consumo, produção e processos. Essa solução possibilita gerar na indústria uma cultura de tomada de decisões sempre orientada por dados, reduzindo, assim, a latência na tomada de decisão e consequentemente melhorando o uptime dos processos, redução de custos e impacto ambiental.

A partir do Big Data gerado pelo monitoramento das fábricas e de ciência de dados aplicada, as soluções deixam diversos problemas à mostra para apontar oportunidades de melhora na performance industrial, que devolvem dinheiro para o caixa da indústria na forma de economia em seus custos operacionais. Assim, habilitam o cliente à jornada da Indústria 4.0, da digitalização à cognição industrial, usando o próprio custo da ineficiência para monetizar o seu negócio com receita recorrente mensal.

Com o domínio dos dados de clientes coletados ao longo de meses e anos, a startup planeja desenvolver soluções preditivas para as operações industriais, entendendo o contexto de cada planta monitorada e respeitando suas características como um ecossistema único, assim como o corpo humano.

A IndustryCare entrega valor a seus clientes em diversas ondas e usa a eficiência energética como chave inicial de todo esse processo, trazendo um grande resultado na transparência e nos indicadores de impacto ambiental, provocando uma forte conexão com as estratégias ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). Outra possibilidade debatida com a IndustryCare seria conectar os dados de seus clientes (que foram coletados, tratados, estruturados e analisados) com a cadeia de valor destes, no inbound e outbound, resguardando a confidencialidade e a política de cibersegurança.

Atualmente, a Industrycare está com implementações em quatro grandes clientes nacionais, de diferentes segmentos, desde mineradoras e siderúrgicas à indústria alimentícia.

5. A jornada de avaliação

O grupo utilizou as ferramentas de análise do BRP (Board Real Practice) e do Board Canvas, desenvolvidas pela Gonew. Desta forma, foi realizado o estágio atual do modelo de maturidade da governança da empresa.

Foram feitas reuniões com os sócios, análises de documentos e contratos existentes e discussões com o grupo de fundadores e conselheiros, a fim de entregar uma série de propostas e um plano de médio prazo para melhorar os negócios da startup.

Segundo Bruno Sousa, fundador e CEO, o empreendedor está tão focado na execução do propósito da empresa, na entrega de sua visão ao mercado e na geração de valor ao cliente que deixa de discutir temas fundamentais da organização e do alinhamento com sócios e stakeholders. Ainda, não tem a cautela de documentar tudo, o que poderia prevenir inúmeros problemas futuros e garantir uma maior maturidade em cada passo da jornada.

Esse processo do Board Real Practice trouxe diretrizes claras para estruturar o modelo e as práticas de governança na empresa que vão garantir a continuidade do negócio, orientando o futuro pela transparência nas relações e precaução nas ações, com segurança para ousar na visão e entrega de propósito em um mercado agressivo e com tantas incertezas.

6. Conclusões

Nessas mais de 60 horas de trabalho, colocamos em prática os diversos conceitos e metodologias de governança vistos na parte teórica do C2i, aplicando em um caso real e apoiando a startup para melhorar sua maturidade e ampliar as chances de sucesso e perenidade de seu negócio, sem custos para a empresa.

A escolha da startup também trouxe inúmeras contribuições à equipe. Seu segmento está sofrendo uma evolução fantástica em função da Indústria 4.0, com muita tecnologia e aprendizado, sendo um mercado que necessita do apoio da governança para crescer de forma sustentável.

A relação com os sócios da IndustryCare também foi excepcional. Houve um processo de trabalho e de aplicação transparentes com a equipe, permitindo uma análise que vai assegurar um resultado de geração de um plano de melhorias alinhado com o estágio e as expectativas da empresa, apoiando a companhia em seu crescimento, fazendo com que ela se consolide no mercado e gere um negócio sustentável e rentável.

 


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